31 de ago. de 2012

Sonho De Inverno


 Corredor repleto de neve,
 Caminhos frios e sem fim
 Beijo congelado pelo tempo
 Lembranças afloradas no jardim.

 Emersão da vida pelo espelho
 Imagem distorcida pela luz
 Meus dedos não conseguem encontrar
 Minha amada escondida no capuz.
 
 Com nossos lábios próximos
 Não conseguimos nos ver
 Apenas sinto a sua presença
 E uma imensa vontade de viver.

  Sem feitiço, tampouco magia
  Choro por não tirar da cartola
  Um veludo azul que traria
  A nossa vida juntos de volta.
 
  Enquanto isso, me perco na saudade
  Na chuva incessante de tristeza
  No meu coração ferido pela lua
  Nas sombras que me vestem com frieza!

23 de ago. de 2012

Despedida


              Eu pedi para você ficar
              Só que nada adiantou
              Quando chega a hora certa
              Percebemos que acabou.
             
              Eu queria muito agradecer
              Por toda essa alegria
              Que você me proporcionou
            E que fazia tempo que eu não via.
            
              Agora fica a saudade
              Que o tempo um dia vai curar
              Porque ele foi tão implacável
              E decidiu nos separar?
            
              Essa saudade agonizante
              Que eu tento arrancar do meu coração
              Dessa vez me achou de novo
              E alterou a minha emoção
             
              Deixa-me olhar para você
              Para fixar o meu desejo
              De antes de você partir
              Entregar-lhe um último beijo!

12 de ago. de 2012

Ser Ou Não Ser


“Durante séculos o mundo foi iluminado pela lua. Contudo num passado não tão distante nosso planeta era dominado pelo pessimismo de pessoas sem esperança, com razão enlouquecida por não saber o significado de existir, mortas sem uma luz, entristecidas por uma noite escura e fria. Confusas, as pessoas passaram por um mar de sangue, sem regras muitas mentes assassinas acharam por bem fazer o mal para almejar beneficio próprio, destruindo corações amedrontados, violentando mulheres, matando inocentes e rindo da falta de luz.
 Até o dia em que Luarel, um jovem camponês da região anglo saxônica na Europa, decidiu sacrificar a sua própria vida para iluminar todo o nosso planeta durante a noite traiçoeira. E com isso veio ás leis, o poder, as regras, a ordem. Novas civilizações começaram a criar forma, novas formas políticas, uma nova maneira de viver a vida. Porém, muitos ainda se perguntavam se valia á pena existir. Já que até Luarel, o mais nobre de todos os camponeses abdicou de sua vida, iluminando a noite e ao mesmo tempo aumentando o medo das pessoas de simplesmente viver.”

  Gregory lia aquela história pela décima vez. Era difícil pensar em uma pessoa que sacrificaria a própria vida para salvar várias outras. Esse era um ato de heroísmo puro, totalmente inviável para uma civilização egoísta e que visava o poder acima de qualquer coisa. Angustiado com essa luta acirrada pelo poder, Gregory que era o príncipe de Porto Yalo sentia medo de sua posição social, parecia que a qualquer momento algum revolucionário podia tomar o poder das mãos de seu pai e executar todos os membros da família real. Às vezes ele sonhava com uma lâmina pronta para decepar a sua cabeça. Porém, quando Gregory acordava e observava a lua, ele pensava na história de Luarel, que via tudo, observava tudo, sorrindo para as trevas e preenchendo-a de uma vasta luz.
   “Luarel, me salve desse mundo cruel. Luarel me dê forças pra vencer. Luarel, me leve pro céu. Luarel, Luarel, Luarel..., rezava Gregory em seu leito antes de dormir.
   O príncipe de Porto Yalo abriu a janela para que a luz da lua clareasse seu quarto e fizesse dele muito mais real do que sua mente recheada de ilusão.
   - Bem-Vinda! Pode entrar minha luz- disse Gregory cheio de entusiasmo. Mesmo com vinte anos e com físico de homem feito e uma rala barba de um grande guerreiro, o jovem príncipe tinha que dormir com os olhos voltados para a lua para se sentir protegido, depois desse ritual, poucos minutos eram o suficientes para ele cair no mundo dos sonhos e depois de horas ser despertado pelo mestre sol.
   Só que naquele dia, algo muito estranho aconteceu. Gregory foi acordado com várias batidas na sua porta. Uma mais forte que a outra, berrando pelo seu nome.
  -GREGORY! GREGORY! ABRA ESSA PORTA!!
  Com um pulo só, ele nem teve tempo de se arrumar, destrancou a enorme porta de madeira e ficou cara a cara com sua irmã Suana, uma garota loira com os olhos azuis feitos o céu, muitos a chamavam de “A Princesa do Inverno”, esse apelido foi utilizado pelo fato da garota de dezessete anos aparentar ser alegre e tranqüila, porém seus olhos e sua face eram frios como o gelo, e suas atitudes diretas e extremamente racionais. Naquele dia, sua expressão era a mais fechada possível. Assustado, seu jovem irmão perguntou:
  -O que aconteceu, Suana? Será que você não compreende que eu não estou pronto para o desjejum?
 Com seus olhos frios como a neve e sua voz avassaladora como um trovão, ela foi implacável em dizer:
  - Eu não estou aqui por causa do desjejum, Greg. Eu sei que você não esta preparado para ele, basta olhar para as suas vestes. Agora, trate de se vestir. A morte aguarda no salão central- Suana fez cara de nojo e continuou sua caminhada para o nobre salão.
  -Volte aqui! Do que você esta falando, sua louca??- ele correu em sua direção, puxou a irmã pelo braço com força- Você vai ter que contar essa história direito!
  -Solte-me! Agora!- Disse ela enfurecida- A morte passou aqui durante a madrugada, e levou a nossa mãe. Acabou! Seu corpo esta frio como uma pedra. Seus olhos fechados para a vida, encobertos pela eterna solidão!- Quando ela terminou de despejar todas essas palavras tristes na cara de Greg, seus lábios pareciam se divertir com o pronunciamento da notícia, e seus olhos estavam esbugalhados para enfatizar a história e encher a mente do príncipe de terror.
  Aos poucos, Gregory passou a mão pelos cabelos dourados, suas pernas perderam a força e seus joelhos não demoraram muito para atingir o chão.
  “Minha mãe? Não pode ser! Mãe, minha alma, minha vida. Não. Não é possível! Que buraco é esse que sinto no peito? Meu mundo, meu conhecimento, meu ser, meu existir. Minha mãe!Minha Mãe! Minha... Mãe!
   Suas lágrimas ardiam ferozmente em seu rosto. Várias lembranças com sua mãe relampejaram instantaneamente em sua mente. Aurora, com seus cabelos tão claros como a luz do sol, seus olhos tão cheios de vida como as flores da primavera dizendo:
   -Um dia você governará todo esse reino, Greg. E eu tenho certeza que você será o maior de todos. Sabe por quê?
   Ainda criança, no colo acolhedor de sua mãe, observando o imenso relevo que a janela do seu quarto no castelo podia oferecer, Greg tinha medo de decepcionar as pretensões da mãe.
  -Porque mamãe? Não sei se sou capaz de governar um castelo tão grande. Eu ainda nem sei utilizar uma espada.
  -Os grandes heróis da nossa humanidade não foram aqueles que utilizaram espadas para colocar respeito sobre o povo. Mas, sim aqueles que usaram da sabedoria para engrandecer o mundo e simplesmente carregavam um puro e nobre coração.
  -Mamãe, algum dia a senhora pode me dar um coração para carregar?
  -Você já carrega um coração meu filho.
  -Qual?
  -O meu. Lembre-se que eu sempre estarei ao seu lado. Nem luz e trevas, nem morte e vida, nem anjos e demônios, tampouco amor e ódio um dia irão nos separar. Eu tenho o maior sentimento do mundo por você meu filho. O amor incondicional. Eu seria capaz de morrer para dar a você a oportunidade de viver.
  -Assim como Luarel fez com todos nós, mamãe?
  -Simples assim- disse ela com um sorriso, já que tudo que Gregory aprendia naquela época era um fato extraordinário para a sua mente. E depois dessa conversa, Greg pediu para a mãe contar mais uma vez a história de Luarel.
   Voltando ao presente, Gregory ainda podia sentir as lágrimas arderem pelo seu rosto. Nem Luarel tinha sido capaz de salvar a vida da sua doce mãe. Agora, a pessoa que ele mais amava na vida, tinha o deixado sozinho com a autoridade e dureza de seu impaciente pai.
   “Ninguém será capaz de nos separar. Ninguém. Ninguém. Nem vida e morte. Nem amor e ódio... Estou sozinho! Minha mãe só queria me proteger, contudo ela sabia que um dia teríamos que nos separar. Estou sozinho! E ela sabia que um dia isso iria acontecer. Sozinho! Com Suana, e meu pai Solar! Sozinho, pelo resto da vida, até a morte me alcançar”.
    Após amargar muitos minutos de angustia e desespero. Gregory vestiu suas roupas pretas e criou coragem para ir ao encontro do corpo de sua mãe. Passando por vários corredores úmidos e cheios de rato, ele finalmente chegou ao Salão Central onde encontrou centenas de camponeses ajoelhados em volta do corpo de Aurora.  Os nobres estavam sentados ao fundo. Solar, com seu rosto firme, observava tudo atentamente. Suana sorria pela primeira vez depois de muito tempo, seu pescoço estava adornado com um frasco que continha um líquido vermelho. Quando ela viu que Gregory se aproximava, foi logo despejar a sua felicidade:
   -Não é lindo?- disse ela com seu olhar maligno.
   -O que é isso?- perguntou o príncipe, ignorando a pergunta da irmã.
   - Sangue da nossa mãe. Papai me deixou pegar um pouco. Como se fosse uma recordação.
   Irritado, Greg achou isso um insulto, e foi reclamar com seu pai.
   -Ela parece ter gostado de saber da morte da nossa mãe. Como você pode ter deixado ela tirar sangue de um corpo sem vida? Cadê o respeito? Parece que ela carrega um troféu.
    Solar parecia cada minuto mais irritado, desde que as crianças nasceram á paciência dele com todos no reino beirava a zero.
   -Deixe a sua irmã em paz. Não posso fazer nada para trazer Aurora de volta. Se eu pudesse iria até as estrelas resgatar minha esposa. Ninguém esta sofrendo com sua morte mais do que eu. Isso você pode apostar meu filho. Amanhã mesmo, eu irei embarcar em nossas navegações rumo á terra prometida, buscar o paraíso terrestre. Vou levar metade dos meus soldados comigo para enfrentar os perigosos mistérios do oceano.  E enquanto eu estiver fora, apenas os serviçais poderão permanecer no castelo. A ponte será içada até eu voltar. Gregory, você terá a responsabilidade de governar o castelo. Conto com você!
   O príncipe de Porto Yale aproximava-se do corpo de sua mãe, quando Solar disse:
  -Ela deixou uma coisa para você dentro dessa caixa.
  Gregory pegou a caixa prateada e a segurou sobre o braço, enquanto seus lábios beijavam pela última vez o corpo da mãe.
  Horas depois, quando ele repousava sozinho em seu dormitório, Greg abriu a caixa e ficou encantado com o pedaço da lua que se encontrava na parte central. Contudo, ele logo lacrou a caixa com as palmas na porta.
   Quando ele abriu, o servo Ismael permitiu que dois serviçais levassem o caixão de Aurora para dentro do quarto.
   -Como prometido, príncipe Gregory- e antes de se despedir comunicou:- Ah, seu pai já nos deixou, ninguém mais entra ou sai do castelo.
   As portas se fecharam e Greg abriu a janela para visualizar a lua.
   “Estou livre! Pensou ele”.
   Seu sorriso brilhava de alegria e seus olhos amargavam escuridão.
 
   -Ser ou não ser- dizia Gregory para o rosto da sua mãe pelo vidro do caixão- Você ainda continua linda, minha mãe- seu rosto ficou paralisado por alguns instantes admirando aquela beleza- Finalmente chegou o dia que você tanto sonhava. Um castelo inteiro pra eu governar, embora eu esteja preso nele e ele esteja praticamente vazio. Pensei que quando esse momento chegasse você estaria ao meu lado para eu tomar as melhores decisões possíveis. Porém, vivi dias de tristeza, angústia e solidão. Vivi dias de alegria, amor e diversão. Vivi dias minha mãe, e você sabe muito bem disso. Vivi dias como se fossem o último, e outros como se tivessem outros milhões ainda pra existir. Algumas vezes pensei que era imortal, outras chorei com a sensação de eternamente existir. Outras, vivi com medo da morte. E no final eu me pergunto amada mãe. Será que realmente existo? Vale a pena viver? Ou era melhor eu nem ter existido para não passar pela dor e os sentimentos confusos da vida?
   “Ser ou não ser? Responda mãe! pensou ele bravo! Ilumine minhas idéias...”
   Depois desse devaneio de idéias, Gregory ficou assustado com as fortes batidas na porta, aos poucos algo pontiagudo começava a perfurá-la.
   -Abra essa porta, Gregory! A lua é minha! A morte te espera- gritou Suana cansada de proferir os golpes com a pesada espada- Saía daí seu covarde, venha aqui fora me enfrentar! Aurora não tinha o direito de esconder a lua de mim! Agora vocês vão pagar caro por isso, os dois encontrarão a morte! Não é isso que você quer querido irmão? Encontrar a sua insossa mãe?
  Furioso, o príncipe colocou o pedaço da lua como um colar em seu pescoço, pegou a espada e abriu a porta para enfrentar A Princesa do Inverno.
  -Então foi você que matou Aurora?- disse Greg, ao mesmo tempo em que ele deferia um golpe de direita na espada da princesa Suana.
  Seu olhar se esbugalhou, e as esferas de gelo pareciam feitas de loucura.
  -Claro que fui eu. Quem você acha que deu a idéia para papai ir em busca da terra prometida? Um conto de fadas muito fantasioso que ele acabou acreditando. Aurora poderia estar viva ainda se não fosse por sua inútil curiosidade- Ela esboçou outro golpe mais forte, e os dois ficaram em silêncio por algum tempo, o som das espadas era a única forma de responder a todas as atitudes que Gregory e Suana determinaram naqueles dias. Somente um dos dois poderia conseguir os seus objetivos. Apenas um no final poderia reinar.
   Sangue seria derramado pelos corredores úmidos daquele velho castelo, todos os empregados trabalhavam na parte térrea do castelo, e dificilmente eles subiam para os andares superiores em plena madrugada.
   Suana podia ter apenas dezessete anos, mas sua habilidade com a espada era muito boa, Gregory estava tendo muitas dificuldades para conseguir defender todos aqueles fortes golpes com a sua espada. A princesa estava muito na frente no combate, Gregory não conseguia mais atacar, a defesa dos golpes fazia com que seu braço cansasse mais, e ele tinha que se esforçar para que a lâmina dela não atingisse nenhuma parte de seu corpo, e ao mesmo tempo ele tinha que segurar firmemente a espada para que ele não ficasse desarmado nesse duelo fraternal.
   Porém, um golpe extremamente forte fez com que Gregory não colocasse força suficiente para mais uma defesa, e sua espada deslizou pelo chão.
  A princesa deferiu mais dois golpes, um acertou de raspão o braço de Greg e o outro quase decepou a sua cabeça.
  A ponta afiada de sua espada agora chegava vagarosamente perto do pescoço do príncipe de Porto Yale.
  Ela mostrou todos os dentes para desabrochar um sorriso cruel.
   -Últimas palavras, querido irmão! Não fique triste, depois que eu arrancar a sua cabeça, colocarei ela no meu quarto para você não se sentir sozinho. Eu prometo que passaremos juntos pela eternidade. Você poderá apreciar meu corpo nu, minha beleza angelical, minha fome pelo poder, meu governo sensacional. Serei a maior rainha já vista em Porto Yale. Serei a brisa e o furacão, o sol e Lua, a liberdade e a prisão!
   Aos poucos a espada foi içada até o ponto mais alto para o golpe mortal. Seria a vitória da vida, a primeira pessoa em todo o planeta a se tornar imortal.
  Suana abaixou com todas as suas forças a espada em direção ao pescoço de Gregory, que com os olhos fechados aguardava pelo encontro com a sua mãe e pela vinda da infinita dor, do triste fim.
   Quando ele abriu os olhos, diversas pétalas vermelhas atingiram o seu rosto. Suana parecia petrificada.
  “Não pode ser! Fiquei tão perto da imortalidade! Só pode ser aquele imbecil daquele anjo da guarda! Sô pode ser. Vou matá-lo, pensou ela.
   Ela arrancou a lua do pescoço de Greg e correu para os corredores do castelo de Porto Yale.
   “Só tem um jeito de você se tornar imortal. Primeiro precisa ter o sangue de Aurora, e segundo, um pedaço da lua. Os dois juntos darão a pessoa o poder do tempo e a invencibilidade por toda a existência, tinha dito o anjo da guarda. Então depois que eu me tornar imortal eu posso matar Greg, é isso que eu tenho que fazer!"
   Ao olhar para trás ela percebeu o rastro de sangue no chão, Gregory a seguia com a mesma velocidade, os dois se encaminhavam para o último andar. Suana estava no último corredor que dava acesso a mais alta torre do castelo, aquela em que o anjo da guarda estava aprisionado por anos, e por isso que o castelo nunca tinha sido invadido por outros povos. Aquele castelo era protegido por uma força divina.
   Os dois príncipes da realeza já podiam ver a porta branca no fim do corredor.
   “A minha salvação, pensou Suana”.
   “Preciso detê-la, pensou Gregory”.
    A princesa do Inverno corria, corria, corria. Estava cansada do duelo, de tanto correr, o suor já começava a aparecer pela sua pele branca. Gregory começou a acelerar o passo, agora os dois estavam muito próximo um dos outros, ela olhou para trás e viu o rosto assustador de Greg.
   “Não quero morrer, não posso morrer. Agora que eu cheguei tão perto, pensou ela perturbada pelo desespero”.
   Seus pés atingiram o chão com muita pressa, e ela acabou se desequilibrando, seu  corpo caiu no chão de lado e ela ficou com a barriga para cima. O frasco que continha o sangue de Aurora se destampou e derramou sangue por todo o rosto de Suana. Rapidamente os ratos escondidos nos buracos das paredes começaram a aparecer e a comer pedaços do rosto de Suana que estava ensopado pelo sangue de mel da amada Aurora, rainha do amanhecer.
    “Não! Tira isso de cima de mim”
   -Greg, por favor. Salve-me- A dor era imensa, os ratos beliscavam e arrancavam pedaços de carne de seus carnudos lábios.
  Gregory nem se importou com o desespero da irmã, simplesmente arrancou o colar da lua do pescoço de Suana e se encaminhou para a porta branca no final do corredor.
  Os gritos de Suana eram desesperadores, ela estava agonizando. O príncipe antes de entrar olhou pela última vez para o corpo da irmã que parava de gritar devido á entrada de um rato pela sua boca.
  Na última torre do castelo, Gregory ficou impressionado com a claridade daquele lugar, um anjo sem asas estava crucificado numa das paredes por correntes feitas de trevas.
  O colar da lua começou a brilhar e destruiu as correntes de trevas. O anjo da guarda abriu os olhos e quando viu Greg, abriu um sorriso e disse:
  -Muito obrigado por me salvar! Passei séculos aprisionado nesse castelo para que ele fosse protegido. E a sua luz brilhou o suficiente para me salvar do mundo de pecado dos homens e me levar ao céu e as nuvens do criador. Como gratidão, vou realizar um de seus mais preciosos desejos.
   “ E agora, o que eu devo fazer? Governar o castelo e salvar o meu povo das tentações da escuridão ou encontrar novamente a minha mãe? Um encontro eterno? Ser ou não ser? Existir ou deixar de existir?
   Levou poucos segundos para Gregory tomar a decisão que o tornaria conhecido como “o Príncipe egoísta”. O anjo da guarda simplesmente falou para ele se agarrar em suas costas, e os dois pularam pela janela da mais alta torre do castelo. Naquela noite estava chovendo, Greg vislumbrou o mar negro aos seus pés, e o castelo se distanciando aos poucos. De repente ele descobriu que não tinha asas e mergulhou na lagoa dos imortais em busca de Aurora.
   No céu a lua sorria. No céu o sol chorava!

2 de ago. de 2012

Meus Dezenove!


“Parabéns pra mim!”
 
Atrás de uma mesa, todos me aplaudiam. Apenas uma chama no centro da mesa iluminava a escuridão. De repente a música acabou com o meu nome e o sopro por meus lábios apagou a única fonte de luz. Meus pensamentos navegando pelo território da felicidade acolheram as sombras com um olhar nada assustador. Bastava o sorriso dos meus convidados para clarear o ambiente, e minha alma transbordando de alegria para irradiar toda essa energia.
Nem os monstros que vagavam constantemente pela minha mente eram capazes de me derrubar, a comemoração do tempo por tantos anos, fez do meu presente a vontade de existir por caminhos voltados de planos, e sonhos de um doce encanto.
Depois de saborear o bolo e ganhar beijos e abraços afetuosos, fiz da surpresa de abrir a caixa azul mais um espetáculo no meu dia de glória. Mais um desejo realizado, diante tantos desejos na vida, consigo aos poucos me sentir mais feliz, saciar a minha sede e mergulhar em uma corrida maluca por oceanos perigosos, voar por nuvens carregadas de ilusão que no futuro deixarão minha alma fria de tristeza, e quando eu tomar o banho de chuva, minha alma ganhará ânimo para novas brincadeiras.
Um dia devo esquecer esse dia, como tantos outros que já esqueci. Porém, cada dia desses é especial, e todo ano me faz mais feliz!
Obrigado a todos que se lembraram do meu aniversário, e fizeram dele um motivo para sorrir!