6 de set. de 2013

Irretocável

  Luz. Abrem-se as cortinas do espetáculo
  Vermelho sangue e olhos azuis
  Nus perante a platéia em êxtase
  Deslizam pele sobre pele.
  Tato a tato.
  Soltando faísca e aumentando a fumaça
  Do enigma grudado ao pensamento
  Das calças dos homens
  Empinadas por seus desejos
  E mesmo se fechar os olhos
  A imagem continuará em plena perfeição
  Nua, límpida, melhor do que a real
  Criativa.
 
  Não há mais adversários,
  Só seus lábios sensuais a procura dos seus,
  Fios de cabelo deslizando por seu peito
  Panos deslizando pela cama,
  Em movimentos serenos.
 Aos poucos as peças se encontram
 Como tantas que já desfrutaram
 Da alma de seus odores puros
 Da alma de sua incompreensível podridão.
 Mas nada disso importa.
 Vocês estão juntos,
 Unidos por esse laço
 Infindável, infinito, transbordante
 Ao sentimento humano.

  Nesse exato momento,
  Em que não se sabe quem é quem
  Desfrute o beijo molhado
  Os arranhões, carícias e confissões.
  Faça com corpo e alma,
  Latente, sensual e precisa
  Buscando alcançar a satisfação
  Do infinito,
  E a certeza de que é real
  Puro e verdadeiro.
  
  E quando vocês sentem que chegou ao fim
  Eis que a culpa surge ao leve átimo
  E a procura pelas portas parece precisa
  Para revelar a fuga que os permeia
  No jardim de tantos risos adolescentes
  No mergulho de tantas ondas indecentes
  E de repente você consegue entender
  O estranho,
  Na lareira perto das chamas
  Brindando ao amor e a compreensão
  Da vida sem mocinhos e sem vilões.
 
  E você se sente bem
  Com os braços estendidos ao mundo
  Respeitando as normas do jogo
  Pulando de dez metros de altura,
  De cem, de mil.
  Não importa.
  Porque você entende
  Que o lugar mais alto do mundo
  Habitado por velhos anjos
  Sempre teve espaço pra vida
  E pra morte dos que ainda não foram.
  E que o lugar mais baixo do mundo
  Sempre teve espaço pra morte
  E pra vida dos que já foram!